sábado, 2 de maio de 2009

Pudesse eu


Pudesse eu, vez por outra,
me cercaria de ti.
Teria-te ao redor da cintura,
sobre os ombros, entre os dedos,
quem sabe à volta,
represa sólida para águas furiosas.
Pudesse eu, vez por outra,
tu serias recipiente,
compartimento, fronteiras e,
a um só tempo,
o referencial das distâncias.
Teria eu teus braços em remanso
na proximidade azul das manhãs,
tuas pernas de limite na vazante vertente
das noites e não temeria o curso caudaloso
dos rios sobre o peito.
Pudesse eu, vez por outra,
te cercaria de mim.

Escrito por Ticcia
às 11:16 de 06.04.2005

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