domingo, 10 de maio de 2009

Mãe


Deito entre uma palavra e outra
e deixo que os sons me cubram,
me fecundem, me emprenhem.
Quero o verbo a habitar meu ventre,
a crescer em minhas entranhas
para rebentar novo do de dentro,
cheio de meu sangue, da minha placenta.
Quero me perpetuar em linhas,
me estampar em versos,
me traduzir em signos
porque cada vez que me criptografo,
me decodifico;
cada vez que me verto em metáforas,
mais nítida a minha imagem no espelho.
Sou uma larva que se descobre crisálida
para saber da vida rastejante que a povoa
e das suas promessas de asas.

Escrito por Ticcia às 12:11 de 21.04.2004

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