quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Espaço-tempo















Dá-me tua mão, pássaro e lâmina,
sobre meus olhos escuro e medo,
sobre minha pele rastro d’água,
sobre meus seios ninho e animal faminto.
Dá-me tua mão, entre meus lábios,
vão da gengiva, fio dos dentes saliva e carícia,
entre meus cabelos, emaranhado novelo,
afago e rédea, arreios, seguro sobre meu dorso,
jugo aflito e pleno.
Dá-me tua mão, extremadura da carne, serpente e visgo,
pelas frestas, ao fundo, lava quente da terra,
em sobrevôo leve, pela mansidão os cimos mais frios.
Dá-me tua mão, ao redor do pescoço, na medida da cintura,
um pouco acima dos joelhos, dedos em busca de um perfume perdido,
temperatura improvável.
Dá-me tua mão, sossego e resgate, lança e laço,
tua mão de morte, de parto, de flagelo, de encanto,
dá-me a tua mão de flor e canela,
de gosto amargo e encontro, desespero e descanso.

Escrito por Ticcia às 10:22 de 05.10.2007

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