domingo, 17 de janeiro de 2010

Xρυσαλλίς

















Eu me adivinho entre corais e sustos
e perco um anel entre as sedas do luto.
Eu antecipo o que seria a tua chegada,
no eco dos teus passos
cada vez mais distantes pelo corredor.
Não há morte nas gemas escuras
e ainda ardentes dos meus olhos,
nem horror.
Há peixes cor-de-rosa e um amargo torpor
de memória sempre de partida.
Eu prevejo um céu que se estende para além dos meus dias
e um sol que emprenha a lua,
disposta a soltar os cabelos
para servir de cortina na minha janela.
Eu respiro flores que voam
ao redor das grandes nuvens negras sobre teus olhos.
Meu útero se enche de pérolas e pétalas
mas cheira a ausência
e sinto uma dor de metal que se funde
em cárcere novo a cada manhã.
Sei que não virás,
mas encerrada em uma pequena caixa de musgo e plumas,
deito o que pude reter do simulacro da tua presença.

Escrito por Ticcia às 11:39 de 21.04.2003



Nenhum comentário: